Academia da Malta

30.11.04

Quatro meses

Quatro meses, foram só quatro meses. Foi o que chegou para fazer esquecer o quão mau foi o reinado de Guterres. Parabéns por isso a Santana e aos seus pares. Conseguiram fazer o que parecia impossível. Foram piores que o mau. E isso em apenas quatro meses. Que eficácia! Ao nível do rigor Alemão e da pontualidade Britânica. Ainda há quem se atreva a dizer que não estamos no sentido da convergência com o resto da Europa. Más línguas, é o que é.
Concordei com Jorge Sampaio quando este em julho decidiu dar posse a Santana Lopes. Os difíceis tempos económicos, a existência de uma maioria na Assembleia da República e a estabilidade governativa, permitiam na altura uma aposta na continuidade. O Presidente Sampaio apostou. Terá perdido? Penso que não. Quem perdeu foi Santana. Este sim, não soube aproveitar a oportunidade que lhe foi dada, não soube ler os sinais que iam surgindo, quer da assembleia da República, quer do governo, quer da Presidência, quer do próprio País que devia governar. Preferiu preocupar-se com a forma, descurando o conteúdo.
Não se pode criticar Jorge Sampaio. Este respeitou a constituição, não quis partir de imediato para eleições antecipadas, convicto que o Sr Lopes iria dar continuidade às políticas do "fugitivo". Mas não. O próprio Santana o admitiu, quando se referiu ao seu governo como um bebé de incubadora. A dissolução da Assembleia é um mal necessário, que já não se podia evitar, tanta foi a trapalhada dos boys "Lapa & Caldas Lda". A mesma estabilidade que conduziu Santana ao poder em Julho, leva-o agora a fazer as malas de São Bento.
O problema aqui são as alternativas, que não se vislumbram muito melhores. Não vejo em Sócrates o 1º Ministro que este País necessita. Quais são as suas propostas? Se até aqui o seu silêncio bastava, já que o Governo se ia auto-destruindo, a parir de agora impõe-se mais ao líder da oposição. Terá ele mais para dar?


Quem irá ocupar estes lugares?

|

23.11.04

Será que posso ser Albicastrense?!

O alarme social está instalado. Parece que a maternidade do Hospital Amato Lusitano em Castelo Branco não faz falta. Pelo menos é essa a conclusão de um estudo elaborado a pedido do Ministério da Saúde.
Vistas curtas que tem esta gente. Vistas que não vão além das paredes do gabinete em que estão instalados, seguramente. Assusta-me a redução de tudo e mais alguma coisa a critérios estritamente financeiros. Ninguém com um mínimo de bom senso se lembraria de tal disparate. Como se pode falar em discriminação positiva para o interior, quando se equacionam soluções destas?
O Hospital Amato Lusitano serve não só o concelho de Castelo Branco (mais de 55 mil habitantes), como todos os concelhos limítrofes. Tem, portanto, uma forte área de influência. É verdade que faz menos do que dois partos por dia, cerca de 600 por ano; mas presta acima de tudo um serviço fundamental à população. Não se entende que haja alguém a querer por uma família de Proença-a-Nova (por exemplo) a fazer turismo pelas estradas do distrito. É que a Covilhã não é já ali... As pessoas não são números. O País não se desenvolve só com números. Desenvolve-se com pessoas. E por este andar qualquer dia desaparecem todas. Um Hospital enquanto instituição pública não se pode reger por critérios economicistas deste cariz. Se não for o estado a investir no interior, a dar qualidade de vida às suas populações, quem será?



Mas não é só a maternidade que nos querem tirar. Este Governo ainda não percebeu que Portugal, está de facto dividido em dois - o Portugal litoral e o Portugal interior. Se não forem dados benefícios ao interior, este dificilmente ganhará a luta desigual e injusta com o litoral. É por isso que não se podem colocar portagens na A23 assim sem mais nem menos e é por isso que não se pode continuar a andar em comboios cujo desinvestimento á assustador.... Outros posts, para outros dias!


|

15.11.04

Era só o que faltava...

Este blog tem andado moribundo. Por isto, ou por aquilo, por preguicite, por desleixo, a verdade é que não temos publicado qualquer texto no último mês. Se calhar até tem algo de bom esta nossa ausência...
Nunca pensei assistir ao actual panorama da comunicação social, 30 anos depois de Abril. Numa altura em que a liberdade de expressão devia estar mais do que consolidada. Mas afinal parece que não está, alguma alma sobredotada lembrou-se de desvirtuar o que é o direito ao contraditório e estalou a polémica. Não sejamos ingénuos. Todos os governos tentam ter os media do seu lado, dá jeito. Duma maneira tão descarada é que nunca tinhamos visto antes.
Foi o caso Marcelo, o caso Fernando Lima, o Sr Luís Delgado na lusomundo e agora é a demissão do Director de Informação da RTP. Numa altura em que parecia que a estação pública tinha finalmente a casa arrumada, tinha que se arranjar alguma maneira de mandá-la abaixo outra vez. Pois então, demite-se um dos melhores profissionais da área do jornalismo que há por cá. Nada mais fácil! E assim se esbanja o dinheiro do Zé Portuga em arranjos de bastidores.
Haja decência, alguém que explique o que se passa aqui. Quem demitiu José Rodrigues dos Santos? Foi ele que se demitiu? Porquê?


|